Uma casa formada pelos bichos

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Já imaginou um casamento provocado pelos animais?

Foi assim que aconteceu com Andrea e Renan. Eles namoravam havia oito meses quando resolveram dar um grande passo em suas vidas: morar juntos. 

O motivo: reunir seus bichos num só lar.

Os responsáveis!

Quando se conheceram, Andrea já tinha os gatos Caleb e Chloe, e Renan, o cachorro Samba. Na época, Andrea morava sozinha com seus bichanos. Já Renan dividia o apartamento com três amigos que também tinham um gato.

No período da pandemia, com todos trabalhando de casa, o casal tomou uma atitude nada ortodoxa para fazer uma apresentação entre os animais: levou os gatos ao encontro de Samba no apartamento de Renan.

Segundo Andrea, a opção de levar os gatos até Samba, e não o contrário, aconteceu porque ela descobriu que o lugar onde morava não aceitava pets. Ou seja, ela já estava irregular por causa dos gatos, e um cachorro seria impossível de esconder. 

O viralata Samba já tinha convivido com um gato

Então, lá se foram os gatos para uma nova casa, com um cachorro e mais um gato. Não houve muito estranhamento dos gatos com o cachorro, mas, com o gato residente, a coisa não foi boa. A situação durou só uma semana, até que Andrea e Renan finalmente resolvessem que precisavam morar juntos em sua própria casa. 

“Eu ainda não queria morar junto. Mas os animais apressaram nossa união”, admite Andrea.

É claro que eles estavam apaixonados. E o momento era mais que propício. O contrato de aluguel dela estava perto de vencer e ela já pensava em se mudar para um imóvel maior justamente por causa dos gatos. 

Caleb e Chloe cresceram juntos

“Não queríamos mais ter que ficar levando os bichos para casa de um ou de outro. Nem ter que deixá-los muito tempo sozinhos por um estar na casa do outro”, conta. 

“Ainda brinquei, se eles não se adaptarem, vamos ter que nos separar!”, relembra sorrindo.

Não demorou muito para o casal oficializar a união.

Família multiespécie

Mudança feita, era hora de buscar ao máximo manter uma rotina que atendesse as demandas de todos e ter paciência na adaptação dessa nova realidade.

Samba, que sempre fez suas necessidades na rua, passou a fazer por toda a casa. Mesmo com os passeios diários, pelo menos, duas vezes por dia. Andrea acredita que ele não gostou de ver os novos integrantes da família tomarem conta do pedaço. 

Também houve disputa por recursos. Chloe queria usar a cama de Samba e, por isso, começou a urinar fora da caixa. Então, o casal buscou veterinário e adestrador para entender o que estava acontecendo.

Com orientação profissional, Andrea e Renan ajustaram os recursos e os espaços na casa para que os três bichos fossem atendidos e se sentissem seguros novamente. Em pouco tempo, tudo se resolveu.

Os três se habituaram à nova vida. Caleb, com seu jeito amigueiro, logo de cara se entregou ao amigo canino. “Fazia uns 10 graus em São Paulo, quando Caleb deitou na barriguinha de Samba, e os dois ficaram lá por um tempo. Até tiramos foto”, relembra. 

Momento fofo registrado com sucesso

Os dois são mais unidos, deitam na mesma cama juntos, dormem e brincam de vez em quando. Samba gosta do laser dos gatos, e Caleb gosta da cordinha do cachorro.

Assim como Samba, Tico se dá bem com os gatos da casa. Leia a história dele em Mar, doce lar: a jornada de uma mulher e seu cachorro na praia

Chloe, que tem um temperamento mais reservado e evita interações, surpreendeu os tutores no convívio com Samba. Os dois não são amigos, mas convivem bem.

Chloe, reservada e linda

Andrea conta que Chloe é mais relutante a interações e novos contatos. “Ela foi maltratada quando filhote. E por isso, eu ia adotar apenas ela. Mas quando cheguei no local, Caleb pulou no meu colo. Pensei, ferrou, vou ter que adotar os dois”.

“Pra sempre meu bebê”

Poucos dias após nossa entrevista, em maio, infelizmente, Caleb foi acometido por uma doença renal. Foram detectadas pedras no rins, e o gato foi submetido a uma cirurgia de urgência. 

Andrea e Caleb: muito chameguinho

O quadro de Caleb se agravou com uma infecção após a cirurgia. Depois, um veterinário nefrologista indicou que a cirurgia não era necessária naquele momento. Ele estava tomando muito remédios e fazendo fluidoterapia três dias por semana, mas após uma piora, teve que voltar ao hospital.

No momento em que ia ser transferido para um hospital com UTI mais especializada, Caleb teve uma parada cardíaca e não resistiu. 

Tudo aconteceu muito rápido. Desde a descoberta da doença até a morte, no dia 2 de julho, passou só um mês. Como um cometa, Calleb partiu cedo demais, com apenas 4 anos. Sua passagem na vida da tutora deixou marcas.

O último aniversário dos dois juntos

“Ele foi um acontecimento na minha vida, me salvou da depressão, do burnout. Me trouxe a reconexão comigo mesma e, em meio a um mundo onde as conexões com outras pessoas e seres são tão rasas, ele me mostrou a imensidão e a coragem de quem é profundo e intenso. Nascemos no mesmo dia, 27/02, piscianos que se apaixonam por tudo, por todos e que distribui amor até a quem não mereça”, declara-se. 

Caleb e Samba foram bons amigos

Andrea buscou ajuda de uma psicóloga especializada em luto e também de um centro de candomblé, segundo ela, para deixá-lo ir. “Agora eu prefiro lembrar de todas as manhãs que precisava abraçar ele, pegar no colo, porque com ele era assim, muito amor e carinho, independente do que eu estivesse fazendo”, relata.

Enfermeirinho Samba

“As noites não são mais tão dolorosas como foram, mas ainda lembro do ‘vruuuu’ dele, falando que me ama e, assim, vou levar a lembrança desse ser que foi o amor, a luz, carinho, compreensão sem nem mesmo precisar falar uma palavra. Os olhinhos dele falavam tudo”, diz emocionada.

Para acalentar o coração

Com a partida de Caleb, não só os humanos sentiram, mas também os outros bichos, principalmente, Chloe, que cresceu junto dele. 

Os animais também sentem o luto. Chloe demonstrou isso, procurando Caleb pela casa, miando, dando sinais de ansiedade e depressão. 

Baco conquistou sua família

Um dia, olhando o feed do Instagram, Andrea viu o post de um petshop com uns gatinhos fofos. “Fomos lá, e eu tava pegando um gatinho tigrado no colo, e o frajola tava na casinha de gato lá em cima… Ele desceu e puxou a minha roupa e a do Re. Quando pegamos ele, ele já fez pãozinho e ronronou”, conta.

Foi assim que o casal adotou o frajola – ou o frajola adotou o casal – e lhe deu o nome de Baco. Ele tem oito meses.

Baco e Chloe devidamente adaptados

Decorando uma casa com bicho

Apaixonados por decoração, Andrea e Renan criaram um ambiente bem aconchegante para eles e também para os bichos. Tudo pensando no bem-estar de todos os moradores da casa. A exemplo das plantas, todas atóxicas, com exceção do pacová, que fica posicionado a uma altura inacessível aos animais.

O cantinho do home office, atrativo para o gatos

Quando filhote, Caleb mastigou uma folha de uma planta tóxica. Não chegou a ingerir, mas o simples mastigar o levou a uma visita na urgência veterinária. Na época, Andrea não sabia sobre a toxicidade da planta, e ele teve que ficar internado e fazer lavagem estomacal. 

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Depois disso, o gato parece ter entendido o risco, pois não se interessou mais em mexer nas plantas. Já Chloe adora cheirar e se esfregar nas plantas, mas não come. 

Sofá, um dos locais favoritos

Para não ter confusão na hora de comer, os comedouros dos gatos ficam num local mais alto, onde o cachorro não alcança. Já a comida de Samba é ofertada somente na hora da refeição e recolhida em seguida.

Outra adaptação foi criar um móvel que “guarde” as caixas de areias. O objetivo é evitar que Samba revire as caixas, pois as fezes de gatos costumam despertar o interesse dos cães.

Numa casa multiespécie, essa foi a solução encontrada

A família gosta de curtir o lar. E isso envolve o ambiente bem a seu estilo e a companhia dos bichos. Hoje, Caleb não está presente fisicamente, mas faz morada no coração dos tutores.

Curtindo a noite

E cada animal na casa traz um aprendizado. “Chloe é quem me mostra que tudo precisa de limite; Samba, que a festa pra quem a gente ama não precisa acabar jamais; e Baco, que é preciso estar aberto para novos recomeços”, reflete.

Mais do que uma casa com bicho, esta casa foi formada pelos bichos. E este é um daqueles presentes que a vida nos dá para mostrar porque vale a pena viver.

Os grudinhos
A observadora
O filhotão

(Todas as fotos foram enviadas por Andrea)

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