Duas gatas e muito aprendizado

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Anastásia – ou Ana – e Léia são duas gatas viralatas de 7 anos, que vivem com seus humanos Manuela e Walace em um apartamento de 45 metros quadrados no Rio de Janeiro, capital. As gatas fazem sucesso no Instagram não só porque são lindas e fofas, mas também porque moram num ambiente pensado para elas. 

Trouxemos animais para morar conosco, mas não podemos esquecer da natureza deles. É impossível suprimir um comportamento natural dos bichos sem que haja um alto custo para eles e para os humanos também. E até mesmo num espaço pequeno, é possível permitir que gatos sejam gatos.

É por isso que Manu, formada em auxiliar veterinária e que trabalha com social media e marketing digital, e Wallace, técnico em segurança do trabalho, estão sempre em busca de atender as necessidades das felinas que levaram para casa.

Foi assim que o perfil @anaeleia.cats surgiu e cresceu, antes de tudo sendo uma ferramenta educativa para os próprios tutores. 

Léia, a preta, Ana, a tricolor, e a gatificação que elas merecem.

Manu, a criadora de conteúdo por trás das cat influencers, ajuda os seguidores com orientações e dicas, mas, para isso, ela também precisa aprender. “Criei o perfil, inicialmente, para mostrar a decoração do nosso apartamento, mas as postagens de Ana e Léia sempre bombavam mais. Fui fazendo cada vez mais posts delas, até que o perfil mudou de decoração para perfil pet”, conta.

Bom, um pouco do assunto ‘decoração’ foi mantido, só que para gatos. Manu, em parceria com uma empresa do ramo, fez uma gatificação exemplar na sala. O parquinho, como costuma ser chamado, vai muito além de diversão. É feito para proporcionar aos gatos a chance de exercer comportamentos naturais, como ficar em locais altos, arranhar, pular, se esconder e se proteger. 

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Manu explica no perfil o que é, como fazer, localização, distribuição e função de cada peça numa gatificação. Recentemente, o parquinho foi incrementado com novas prateleiras, arranhadores e uma toquinha extra, dessa vez para Léia, já que a primeira toquinha ficou sendo exclusivamente para Ana.

“A toquinha inicial que fizemos foi pensada para Ana mesmo, pois ela é medrosa, e quando recebemos amigos, ela pode se esconder”, diz Manu, lembrando como é importante fazer os gatos se sentirem seguros  no ambiente em que vivem. O casal até retirou o sofá da sala para abrir mais espaço para os artigos felinos. “Sofá agora só o arranhador em formato de sofá”, diz aos risos.

Quando não estão numa prateleira, rede ou toca, as gatas gostam de ficar no escritório com sua humana durante o home office. Para Manu, trabalhar em casa permite ficar na companhia de suas filhas felinas, além de conseguir manter uma rotina de atividades com elas. 

A casa agrada também à humana. O tema gato está espalhado pelo apartamento em quadrinhos, inclusive com fotos delas, canecas, chaveiro, que demonstram seu amor por gatos. Gateira né?

Aliás, Manu começou a empreender, montando uma loja online de produtos de papelaria, tendo os gatinhos como protagonistas, a Cat Galaxy.

O humano da foto é Wallace. As plantinhas artificiais na ponte que leva da prateleira até a toca de Ana foram um toque especial de Manu.

O começo de tudo

Muito antes da dupla felina chegar na vida de Manu, ela teve um gato chamado Hunter. Embora morasse com a mãe, onde sempre conviveu com animais, Hunter foi o primeiro a ser de responsabilidade dela.

Naquela época, porém, aos 18 anos, Manu não sabia quase nada sobre guarda responsável. Hunter era um gato que tinha acesso à rua e, numa dessas voltinhas, retornou para casa com esporotricose (micose causada por fungo que gera feridas na pele, podendo ir da epiderme até os ossos, a depender da gravidade). “Ele ficou muito mal pela doença, mesmo com tratamento, não houve melhora. Hunter acabou morrendo. Prometi para mim mesma que nunca mais eu teria um animal até que eu pudesse cuidar da maneira correta”, relembra.

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Foi então que, em 2016, prestes a se mudar para sua própria casa, Manu resolveu que, no novo lar, seria o momento de adotar um pet. Segundo ela, já havia o combinado com o marido de que teriam dois gatos: um adotado de algum lugar e outro resgatado da rua por eles.

Ana e Léia nasceram numa casa onde viviam seis gatos não castrados (!!!). Um deles era um macho da raça persa, cruzou com duas gatas no mesmo período, e cada uma delas teve 4 e 5 filhotes. Ana e Léia são irmãs de ninhada. 

Manu conta que todos os filhotes da outra gata eram brancos e foram rapidamente adotados. Os irmãos de Ana e Léia, também brancos, por conta do pai branco, conseguiram lares. As duas, uma preta e outra tricolor, acabaram ficando para trás.

“Eu sempre quis ter um gato com pelagem tricolor. Quando soubemos dessa gatinha tricolor prenha, eu já demonstrei meu interesse num possível filhote tricolor que ela viesse a ter. A princípio, só ficaríamos com a Ana”, relata.

“Mas Léia não estava conseguindo adoção, diziam que ela era feia. Fiquei com pena e decidi adotá-la também. Hoje ela é essa gata linda e maravilhosa”.

Ana e Léia hoje: lindas e cheias de saúde. Ps.: cheirinho bem rápido, só pro clique 😉

Ao chegarem na nova casa, as gatinhas estavam cheias de pulgas e com problemas de saúde, fizeram tratamento por meses, devido às condições da mãe e do ambiente em que nasceram. Hoje elas estão fortes, saudáveis e castradas. 

Mas, no começo, não foi tão fácil para Manu. Além de lidar com as condições de saúde das filhotes, ela teve que lidar com o medo de vê-las sofrer como Hunter. “Fiquei tão traumatizada, que aqui no apartamento, as janelas ficavam fechadas, não teve telas por muito tempo, com medo de mesmo assim, as gatas conseguirem sair para a rua e pegarem doenças. Mas venci esse medo, coloquei telas e voltei a abrir as janelas. Agora, Ana e Léia podem olhar para a rua com segurança.”

Janelas teladas pra olhar o mundo lá fora.

Como estão juntas desde o nascimento, Ana e Léia são muito unidas. Tão unidas que, desde filhotes, Léia dá banho (lambe) em Ana, o que levou Ana, acredita Manu, a não aprender a fazer a autolimpeza. Agora, no entanto, Léia abandonou o posto, e o encargo ficou para Manu, que faz a limpeza com lenços umedecidos apropriados para gatos.

Por conta disso, a limpeza e a escovação precisam ser feitas, ao menos, três vezes por semana. 

Embora nenhuma das duas goste de ser pega no colo – como a maioria dos gatos -, Manu as acostumou desde pequenas com a escovação e com a manipulação da boca para dar remédio. “Inclusive, para manter o hábito de medicá-las sem estresse, seguro a cabeça delas na posição correta e coloco um petisco ou grão de ração dentro da boca. Elas deixam tranquilamente”, indica.

Influencers por acidente

Em 2018, imobilizada por causa de uma queda, Manu teve que ficar de molho em casa. Foi bem na época em que estava decorando seu apartamento. Começou, então, um perfil para postar o processo de decoração. 

No entanto, os posts que mais faziam sucesso eram os de Ana e Léia. Ela começou a postar mais sobre as duas, e o perfil começou a crescer, inclusive ganhando a primeira proposta de parceria com uma marca de ração. As gatas viraram influencers, literalmente, por acidente…da tutora! “A partir daí, comecei a pesquisar, postar muito conteúdo, testar produtos e marcas para postar. No ano seguinte, fui aprovada no concurso para embaixadora da PetLove, e aí as portas se abriram”, relata. 

Isso a levou a estudar sobre comportamento felino para também oferecer o melhor para suas gatas. Em seu perfil, Manu fala sobre gatificação, alimentação, caixa de areia, poupança pet etc. Se tornou um perfil de educação.

Bem plenas, no lugar favorito delas.

“É raro postar coisas fofas, quando faço é só para movimentar o perfil. Eu procuro fazer postagens que tenham significado, que passem uma mensagem. Coisas fofas já tem muito na internet. A gente precisa educar os tutores. Já trabalhei em clínicas e é muito triste ver a falta de conhecimento dos tutores com relação aos cuidados com seus próprios animais”, afirma.

Alimentação

E para quem pensa que gato só come ração, fique sabendo que não é bem assim. É verdade que os bichanos costumam ter um paladar mais seletivo e dificuldade para aceitar alimentos novos. Mas não é impossível introduzir uma nova dieta.

Ana e Léia chegaram a comer alimentação natural (AN) cozida, como parte da mudança de estilo de vida para Léia, que estava apresentando algumas alergias. Assim, as duas mudaram a dieta. Segundo Manu, foi uma transição difícil e demorada, mas aconteceu.

Após alguns meses, entretanto, Léia simplesmente passou a rejeitar a comida, e elas tiveram que voltar para a ração. “Léia é bastante seletiva, não come várias coisas, rejeita até os melhores sachês e petiscos. Mas ainda quero tentar no futuro fazê-las voltar para a AN por considerar a opção mais saudável.

Para estimular o gato a usar a gatificação, use petiscos e brinquedos como varetinhas para atrair o bichano ao local.

[Todas as fotos foram enviada pela tutora Manu]

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