
Hoje, 8 de maio, é o Dia Internacional do Burro e da Mula. Você sabia? Eu não fazia ideia de que existia uma data para celebrar esses animais e, por acaso (ou não), apareceu essa informação entre as notícias na tela de descanso do meu notebook. Fiquei curiosa e fui pesquisar. E não é que existe mesmo essa data?!
Comecei, então, a pensar como burros e mulas são animais ainda tão explorados e desvalorizados – não muito diferente dos demais, para falar a infeliz verdade, mas os acho mais invisibilizados.
Para quem não sabe, os burros são o resultado do cruzamento entre jumento e égua. Burro quando macho, mula quando fêmea. E por serem descendentes de duas espécies diferentes, são estéreis.

De porte pequeno se comparado a equinos, os burros (que são asininos), geralmente, são mais baixos que um adulto de estatura mediana. Mesmo assim, são usados para transportar altas cargas e pessoas em carroças ou no seu lombo mesmo. Infelizmente, ainda é muito comum ver isso no interiorzão desse Brasil, principalmente em áreas mais pobres. Mas é possível vê-los também em zonas urbanas, como a pequena capital Aracaju. Por aqui, não é incomum dividir o trânsito com burros e cavalos presos a carroças, chicoteados para que andem mais e mais rápido. Sinal de atraso para a cidade. Tristeza para os animais.
O nome burro não faz jus ao que esses adoráveis animais são. Burros e mulas são dóceis, inteligentes, sociáveis e resilientes. Não à toa, possuem um longo histórico de convivência com o ser humano, milhares de anos de uma parceria que ajudou a humanidade a chegar até aqui. Em diversos pontos do planeta, participaram do desenvolvimento de comunidades, serviram de motor no preparo da terra para a produção de alimento e para a colheita de água, transporte de pessoas e de bens essenciais em lugares inóspitos e até cenários de guerra.

Seu caráter resiliente também é bem fácil de comprovar. Tendo em vista como são (mal)tratados, conseguem suportar bastante coisa e seguir em frente.
Apesar disso, o uso que é dado à sua vida é injusto e cruel. A maior parte deles não tem sequer um local adequado para descansar após um longo e pesado dia de trabalho. São deixados em terrenos baldios sem proteção alguma, onde se alimentam de um mato insosso e sem acesso à água. Eles não têm casa, muito menos um lar. E também são frequentemente abandonados.

Ao lado de seu pai, o jumento, o burro ainda sofre por causa do abate. Sim, no Brasil, burros e jumentos também são criados em fazendas de abate e, comumente, exportados para a China. Quem não se lembra do caso dos burros da Bahia? Em 2018, 200 animais foram encontrados mortos – literalmente de fome – numa fazenda arrendada por uma empresa chinesa, e outros 800 estavam altamente desnutridos. Naquela época, a situação do abate de burros levantou a preocupação com a ameaça de extinção desses bichos.
Fico pensando também por que chamamos de burro ou burra uma pessoa idiota, desprovida de inteligência, estúpida. Será que pegamos o nome do burro para adjetivar essas pessoas ou será que pegamos o adjetivo para nomear o burro? Seja como for, a conotação negativa que foi dada ao termo deve ter contribuído para a depreciação do animal. Que bom seria se pudéssemos inverter o sentido e chamar algo ou alguém de burro quando quiséssemos nos referir à sua força e amabilidade.

Bem, já que o dia 8 de maio foi escolhido para dar visibilidade aos burros e mulas e à importância de protegê-los e lhes dar o devido respeito, junto-me à causa para dar voz a esses animais de grande espírito e pura serenidade. E conto com vocês para ampliar esse objetivo.
